Quem sou eu

Minha foto
Médica Ginecologista e Obstetra com especialização em Endoscopia Ginecológica pelas Universidades de Padova e de Bari (Itália). adimenoli@hotmail.com/ Fone:(45)32242901 /Rua General Osório, 3161/ Cascavel/Pr. - Hospital Policlínica de Cascavel - Fone: (45)21011500

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Desculpem o Atraso!

Queridas leitoras, peço desculpas pela demora na publicação da matéria sobre Pré-Eclâmpsia da última semana, pois estive participando de um Simpósio Internacional de Cirurgia Robótica do Hospital Albert Einstein em São Paulo, o que acarretou o atraso da matéria.
Beijos!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A Gestação e a Pré-Eclâmpsia

Amigas leitoras, com um pouquinho de atraso estou publicando esta matéria de enorme importância para todas as gestantes e para as que ainda não tiveram a sua primeira gestação. Leia com bastante atenção, e informe o seu médico caso você já tenha enfrentado essa patologia em alguma gestação anterior. Isto é extremamente importante para o seu segmento de pré-natal.

Você sabe o que é a Pré-Eclâmpsia?
A Pré-Eclâmpsia é definida por um aumento da pressão arterial (hipertensão) da gestante, associada à perda de proteína na urina, após as 20 semanas de gestação (5° mês). Essa perda de proteína é o que diferencia a Pré-Eclâmpsia da Hipertensão Arterial Crônica. A Pré-Eclâmpsia pode ser leve ou grave, dependendo dos níveis pressóricos e dos achados dos exames de laboratório.
A gravidez por si só pode induzir hipertensão em mulheres com pressão normal ou agravar a pressão alta já existente. Se a pressão alta não for tratada, pode haver o desenvolvimento de convulsões ou coma, sendo este um quadro mais grave chamado de Eclâmpsia, que acomete 1% das gestantes com Pré-Eclâmpsia grave.

Os fatores de risco para e Pré-Eclâmpsia e para a Eclâmpsia incluem:
  • idade menor que 20 anos
  • idade maior que 40 anos
  • nuliparidade (nunca ter tido um parto)
  • hipertensão arterial pré-existente
  • lúpus (doença auto-imune do tecido conjuntivo que pode afetar qualquer parte do corpo, inclusive órgãos internos como os rins)
  • pré-eclâmpsia na gestação anterior
  • história de eclâmpsia
  • história familiar de pré-eclâmpsia ou eclâmpsia (por exemplo, se sua mãe teve eclâmpsia ou pré-eclâmpsia, seu risco é maior)
  • gestação de gêmeos
  • gestação tipo molar (um tipo de gestação específica em que se formam "cachos de uva" dentro do útero, conhecidos como mola)

Causas da Pré-Eclâmpsia:

  • as causas da Pré-Eclâmpsia são desconhecidas, mas sabe-se que o vasoespasmo (contração dos vasos sanguíneos) e danos ao epitélio dos vasos (camada externa dos vasos sanguíneos) estão associados.

Sintomas da Pré-Eclâmpsia:

  • aumento da pressão arterial maior do que 140x90 mmHg
  • dor de cabeça
  • alterações visuais como: visão borrada, pontos brilhantes tipo "vagalumes", e até mesmo cegueira
  • dor em cima do estômago
  • náuseas e vômitos
  • falta de ar importante
  • ganho muito acentuado de peso ( maior que 2 kg em 1 semana)
  • diminuição da quantidade de urina
  • dor abdominal intensa constante
  • movimentos do bebê diminuídos ou ausentes
  • trabalho de parto prematuro
  • inchaço generalizado, principalmente do rosto e das mãos.

Diagnóstico:

O diagnóstico se baseia nas queixas da paciente, no exame físico e nos exames de laboratório, que incluem alterações como perda de proteínas na urina, associada à alteração das funções dos rins e fígado e das provas de coagulação do sangue.

Os Riscos da Doença:

A Pré-Eclâmpsia é uma patologia muito perigosa, tanto para a mãe, quanto para o bebê e deve ter seu diagnóstico o mais cedo possível na gestação; mas, muitas vezes isso não é possível, pois muitas mulheres têm um aumento súbito de pressão somente no final da gestação, ou até mesmo no parto. Os riscos da doença incluem convulsões e coma na gestante, descolamento prematuro da placenta, hemorragia, edema de pulmão, morte materna ou fetal, entre outros. Quando há alterações graves nos exames de laboratório, a mortalidade fetal pode chegar a até 60% e a materna a 24%.

Tratamento:

O tratamento vai depender da gravidade de cada caso, podendo variar de uma conduta mais conservadora, com controle da pressão associado ao uso de drogas para diminuir a pressão arterial, incluindo a redução de sal na dieta e repouso no leito; até uma conduta de emergência, incluindo drogas endovenosas e a realização do parto. Somente seu médico poderá diagnosticar e indicar o tratamento mais adequado pra você, por isso é tão importante estar orientada a respeito da sintomatologia e dos riscos da doença. A doença deve ser acompanhada mesmo após o parto, durante um período médio de 4 dias para a resolução dos sintomas.

Informe seu médico a respeito de todo o seu histórico e de tudo o que você está sentindo durante a gravidez. Isso é muito importante para diagnosticar as doenças relacionadas à gestação. Faça todas as consultas de pré-natal regularmente e fique atenta às alterações da pressão arterial, principalmente se você já é hipertensa prévia. Muitas vezes, e mesmo com todos os cuidados, a doença pode se manifestar de repente! E procure imediatamente um hospital no surgimento de qualquer sintomalogia suspeita da doença.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Mitos e Verdades sobre a Gestação

Hoje estou postando uma breve matéria sobre alguns mitos relacionados à gestação. Muitas de nós com certeza já ouviu uma história de alguma vizinha, colega ou até mesmo de algum familiar sobre algumas crendices relacionadas à gravidez e ao parto. Nas próximas semanas seguirão matérias relacionadas às doenças que podem ocorrer na gestação e algumas informações sobre o parto, para que vocês, futuras mamães, possam estar informadas e seguras de tudo o que pode acontecer nesse período mágico da vida!
Uma dúvida muito frequente de muitas gestantes diz respeito à sexualidade. Vamos, então, esclarecer algumas questões:
Transar machuca o bebê?
Não! Manter relações sexuais durante a gravidez não machuca de forma nenhuma o bebê. Pelo contrário! Momentos íntimos do casal fazem com que os pais se sintam mais próximos e felizes e isso pode ser sentido pela criança dentro da barriga da futura mamãe.
Até quando posso manter relações sexuais na gravidez?
Não há uma regra. Transar é permitido durante toda a gestação, até dias antes do parto, durante o período em que você se sentir disposta e confortável. Só não é permitido caso haja alguma contra-indicação médica. Pergunte para o seu médico. Ele poderá orientar-lhe a respeito.
Exercícios físicos são permitidos?
Atividades físicas sempre fazem bem à saúde! Se você é sedentária, inicie com exercícios leves, como caminhadas e hidroginástica, e vá aumentando o ritmo aos poucos, para que o esforço não prejudique o crescimento do bebê.
Exercícios físicos como alongamento ou yoga, por exemplo, fortalecem a musculatura da região perineal, o que ajuda na hora do parto.
Crie a rotina de caminhar pelo menos 40 minutos por dia. Isso ajudará a diminuir o inchaço da gravidez, principalmente no final da gestação.
Fumar e beber fazem mal para o bebê?
Sim! O fumo e o álcool são proibidos na gravidez. Eles interferem no desenvolvimento da placenta, o que faz com que o fluxo de sangue para o bebê seja prejudicado, e podendo, portanto, levar ao crescimento retardado do feto; além de poderam causar dependência química e síndrome de abstinência no recém-nascido.
Posso tingir os cabelos?
Sim, você pode tingir os cabelos. Espere passar o primeiro trimestre (até mais ou menos 16 semnas) e dê preferência aos tonalizantes sem chumbo ou amônia na sua composição. Alisamentos à base de formol devem ser evitados.
Preciso tomar vitaminas?
Sim! O uso de polivitamínicos é essencial durante toda a gestação. A gravidez predispõe a uma anemia, pois o volume de sangue materno fica mais diluído, e o bebê suga todas as vitaminas da mãe durante a gestação.
Mesmo após o parto, o uso de vitaminas contendo ferro é fundamental durante os 2 primeiros meses de amamentação. Isso fortalece a mãe e o bebê.
Quando vou sentir o bebê mexer?
A percepção da movimentação fetal varia de acordo com o tempo da gestação e com o número de filhos. Em mulheres que estão gestando pela primeira vez, essa sensação pode ser sentida inicialmente entre as 22 e 24 semanas (mais ou menos 6 meses). Já em mulheres que não estão na primeira gestação, a percepção se dá em torno das 18 semanas ( 4 meses e meio).
Após as 30 semanas, você deve anotar a movimentação fetal em um diário. Isso é MUITO importante, pois é através deste relato que seu médico pode deduzir se tudo está bem com seu bebê. Ele deve mexer 10 vezes durante o dia todo, OU, após o almoço e jantar espere 1 hora e deite com a barriga do lado esquerdo. Em 1 hora seu bebê deve mexer pelo menos 6 vezes. Do contrário procure seu médico imediatamente.
Apareceram hemorróidas, e agora?
Hemorróidas nada mais são do que varizes no ânus. Sim, é isso mesmo! As varizes podem estar nas pernas, no ânus, por dentro da barriga e até no útero.
A gestação, pela compressão progressiva dos vasos da pelve pela barriga crescendo, dificulta o retorno venoso e predispõe ao surgimento de varizes mais volumosas. No ânus essas varizes podem sangrar e causar muita dor. Se isto está acontecendo com você, procure sem médico para que ele possa lhe indicar o melhor tratamento.
Não se apavore! Após o parto, a tendência é de que a circulação, sem a compressão do útero sobre os vasos, melhore e as hemorróidas costumam desaparecer. Do contrário, procure um médico proctologista e ele saberá qual a melhor opção terapêutica para você.
A gestação é uma das melhores fases da vida da mulher. Aproveite cada momento, procure ter hábitos saudáveis, e procure fortalecer ainda mais os laços de união com seu parceiro. São muitas as mudanças no corpo e na vida da mulher. Você, futuro papai, procure estar sempre interessado e apoiando sua parceira.
Faça seu pré-natal regularmente, exerça esse direito para o seu bebê. A gravidez é um investimento... que não tem preço!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Saúde Íntima: quais cuidados devo tomar?

Queridas leitoras. Falarei um pouquinho a respeito dos cuidados que devemos ter com a saúde íntima. Você que já é mãe, oriente suas filhas desde cedo com relação à higiene genital. Explique a elas a anatomia do corpo da mulher e também, porque é tão importante criar hábitos saudáveis e ter certos cuidados especiais com a parte íntima do corpo.


  • procure fazer a higiene íntima somente com sabonetes neutros glicerinados. Eles não alteram o ph da pele, e portanto, não causam irritação da mucosa. Evite sabonetes que contêm hidratantes na sua composição. Eles são PÉSSIMOS para a vagina! Aconselho a fazer uso de 2 sabonetes. Um com hidratante para o corpo e outro neutro glicerinado para a higiene íntima.
  • Evite o uso contínuo de sabonetes, talcos e desodorantes íntimos.
  • Procure vestir-se com roupas arejadas e leves, que não apertem a área genital.
  • Evite lavar a região íntima com muita frequência. Isto pode tirar a proteção natural e predispor ao aparecimento de irritações e infecções.
  • Procure fazer uso de calcinhas de algodão. Evite a lycra, renda, poliéster e outros tecidos sintéticos.
  • Se possível, durma sem calcinha, para que a região genital possa "respirar".
  • Lave as peças íntimas com sabão neutro ou de coco. Evite sabão em pó, amaciantes ou água sanitária.
  • Não crie o hábito de lavar a calcinha durante o banho, o que pode, pelo ambiente ser úmido e abafado, predispor ao aparecimento de fungos e bolores.
  • Deixe suas peças íntimas secarem em lugar arejado e, se possível, ao sol.
  • Procure passar com ferro quente os forros das calcinhas antes de usá-las.
  • Evite passar muito tempo com biquínis molhados. Locais quentes, abafados e úmidos são um "prato cheio" para os fungos.
  • Evite papel higiênico com muitas fragâncias. Eles podem irritar a pele.
  • Os pêlos são uma proteção natural contra muitas bactérias, porém, procure mantê-los aparados para que não se tornem um ambiente agradável para que elas possam se proliferar. As secreções vaginais que eventualmente podem ficar retidas neles, ocasionam odores desagradáveis.
  • Se você é adepta da depilação, certifique-se de que todo o material, inclusive a cera, sejam descartáveis.
  • O uso de absorventes internos no período menstrual não é proibido, mas requer cuidados especiais com as trocas. Elas devem ser mais frequentes.
  • Os absorventes externos devem ser trocados periodicamente, sempre acompanhados da higiene do local.
  • Use preservativo nas relações sexuais. Se você é adepta do sexo anal, jamais o faça sem o uso de preservativo. Nunca permita a penetração anal e vaginal com o mesmo preservativo. Isso pode acarretar infecções vaginais por bactérias da flora intestinal.
  • Sempre urine e higienize-se após todas as relações sexuais.
  • O uso de protetores diários é controverso. Acredita-se que eles possam abafar ainda mais a região genital e facilitar a proliferação de fungos e bactérias.
  • Se você faz uso de lubrificantes íntimos nas relações, fique atenta para que sejam somente à base de água. Não use lubrificantes à base de óleos ou vaselina.
  • Mulheres que apresentam a mucosa vaginal mais seca, principalmente as que estão na menopausa, podem se beneficiar com cremes vaginais à base de hormônio. Procure seu médico para saber se há indicação para você.

Com cuidados simples você pode evitar o surgimento de infecções, odores desagradáveis ou outros desconfortos da região genital. Olhe para a sua genitália. Observe o aspecto e fique atenta para quaisquer mudanças. Procure seu ginecologista periodicamente e faça regularmente toda a rotina de prevenção. Não tenha receio ou vergonha de tirar suas dúvidas e expor seus problemas para o seu médico de confiança. A região íntima faz parte do seu corpo e deve, portanto, ser olhada e tratada com todo o carinho, cuidado e atenção.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

HPV e Exame de Papanicolaou (Colpocitologia Oncótica)



Queridas amigas, esta matéria traz as informações básicas para que vocês possam entender a importância de realizar o exame preventivo do câncer de colo e para que vocês saibam como proteger-se contra o Papiloma Vírus Humano ( famoso HPV), uma vez que este é o agente responsável por 100% dos cânceres da cérvix (colo uterino).
Não abordarei as possibilidades de tratamento, uma vez que cada caso merece uma avaliação especial para se propor uma conduta.
O termo Colpocitologia Oncótica, deriva do grego e do latim. Entenda o nome:
colpo (Kolpos)- "vagina"
cito -"célula"
logia- "estudo"
oncótica (do latim Cancer)- "carangueijo"

Portanto, é o Exame de Rastreamento para o Câncer de Colo do Útero, que estuda as células do colo, em busca de alterações que sugiram lesões pré-malignas, ou malignas (câncer). Pode também detectar lesões não malignas, tais como as verrugas genitais também causadas pelo HPV, herpes vírus, infecções genitais causadas por fungos ou bactérias, além de informações sobre os níveis hormonais, principalmente de estrogênio e progesterona.
A Colpocitologia Oncótica é também conhecida como "Preventivo Ginecológico" ou simplesmente "Exame de Papanicolaou". O termo "Exame de Papanicolaou" foi dado em homenagem ao grego Georgios Nicholas Papanikolaou (vide foto), nascido em 1883 e falecido em 1962, idealizador e pioneiro do exame para a detecção precoce do câncer de colo uterino. Ele observou que células malignas (que causam câncer) poderiam ser vistas através de um microscópio.

A IMPORTÂNCIA DA CITOLOGIA ONCÓTICA -
  • é o exame de rastreamento para o câncer de colo uterino
  • reduz em até 43% a incidência de câncer cervical
  • reduz em até 46% a mortalidade pelo câncer
  • alta especificidade (97-100%) para o câncer
  • tem baixo custo
  • é totalmente tolerável pelas pacientes
  • é facilmente aplicado a grandes populações
  • é um exame de triagem. Quando alterado, deve ser complementado com avaliação colposcópica e histológica.

QUEM DEVE FAZER O EXAME? Todas as mulheres que já iniciaram atividade sexual, em qualquer fase da vida. Muitas mulheres grávidas me perguntam se esse é um exame permitido durante a gravidez, e muitas têm receio em fazê-lo. As gestantes, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), DEVEM submeter-se ao preventivo ginecológico, incluindo a coleta endocervical cuidadosa(do canal do colo do útero), como parte da ROTINA de pré-natal, e não como uma opção. Portanto, exija esse direito do seu médico, faça seu pré-natal regularmente, cuide do seu corpo e tenha uma gravidez saudável, oferecendo ao seu bebê e a você todos os cuidados que estão disponíveis para garantir a vocês uma gestação segura!

INDICAÇÕES E ORIENTAÇÕES PARA A COLETA- A coleta deve ser feita anualmente em todas as mulheres com vida sexual ativa. Em países como a Itália, todas as empresas exigem o exame de Papanicolaou para que as mulheres possam ser contratadas. Recomenda-se a abstinência sexual, bem como o uso de cremes e duchas vaginais nos 2 dias que antecedem o exame. A coleta não deve ser feita no período menstrual. Em caso de pacientes com suspeita de infecção vaginal e corrimento, deve-se primeiramente tratar o corrimento para em seguida realizar a coleta. O exame da vagina e do colo do útero, consiste na introdução de um espéculo pelo canal vaginal. Deve-se retirar o excesso de secreção e muco e realizar a coleta com uma "escovinha" (cytobrush) das células do canal endocervical e em seguida, com uma espátula a coleta de células da ectocérvice (exterior do colo uterino). O material é transferido para uma lâmina ou para um meio líquido específico, e posteriormente encaminhado para o patologista, que dará o laudo do exame, em mais ou menos 2 dias.

O resultado do exame segue uma nomenclatura internacional, sendo a mais comumente utilizada a de BETHESDA 2001. Através dessa padronização, um resultado de exame colhido aqui no Brasil, por exemplo, terá a mesma representação de um exame realizado no Japão.

O resultado pode vir desde um exame normal, ou seja, negativo para células neoplásicas (que causam o câncer), ou com alterações causadas pelo HPV, que são lesões pré-malignas, até o carcinoma (câncer) propriamente dito. Somente seu médico ginecologista está apto para orientar a respeito do resultado do seu exame, e em caso de alteração, somente ele poderá lhe indicar o melhor tratamento.

O PAPILOMA VÍRUS HUMANO (HPV)

O HPV é um vírus sexualmente transmitido, que pode acometer mulheres de todas as faixas etárias, com vida sexual ativa. Múltiplos parceiros sexuais, ínicio precoce da atividade sexual, baixa escolaridade e renda, histórico de outras doenças sexualmente transmissíveis, além de infecção por Clamídia e HIV, são fatores de risco para a doença. Pode ser transmitido em qualquer contato sexual, inclusive nas práticas orais e no sexo anal. Além do câncer de colo uterino, o HPV também é responsável pelo câncer de ânus.

Para que você entenda melhor, compare o HPV ao vírus da gripe. Existem mais de 100 sorotipos diferentes do vírus e nem todos são capazes de induzir ao câncer da cérvix. Imagine que durante a vida, você pode adquirir gripe diversas vezes, mas nem sempre as manifestações da doença são iguais. Por exemplo, você pode adquirir um simples resfriado, que terá seu curso natural com evolução rápida para a cura, até uma influenza H1N1 ( gripe suína ), que pode ter evolução ruim, inclusive fatal em muitos casos. Com o HPV funciona mais ou menos assim. Você ao longo da vida pode se infectar por diversos sorotipos do vírus, sendo que a maioria deles têm um curso auto-limitado (infecção aparente em torno de 2 anos) e alguns poucos são os que evoluem para o câncer propriamente dito. Portanto nem todas as mulheres infectadas pelo vírus terão câncer, mas todas as mulheres com câncer são portadoras do vírus. Entendeu a diferença?

COMO PREVENIR-SE CONTRA O HPV- Não existe uma maneira de prevenir a infecção em 100%, mas alguns hábitos podem reduzir muito o risco de infecção. Reduzir o número de parceiros sexuais, usar preservativo em TODAS as relações sexuais, inclusive no sexo anal e nas práticas orais, não compartilhar objetos de uso íntimo e abster-se de manter relações com parceiros suspeitos de serem portadores do vírus ajudam a diminuir o risco de infecção. O uso de preservativo não anula o risco de contrair o vírus, uma vez que o restante da área genital exposta também pode ser via de transmissão da doença, mas provê uma proteção em torno de 80%.

A VACINA- Existe no mercado a vacina quadrivalente GARDASIL (Merck & Co) que dá 100% de proteção contra os sorotipos responsáveis por 70% dos cânceres de colo uterino. A vacina protege contra 4 subtipos dos vírus (6 e 11-responsáveis pelas verrugas genitais, famosas "cristas de galo", e contra os sorotipos 16 e 18-responsáveis pelo adenocarcinoma de colo). A vacina não é tratamento contra a doença, e não substitue o uso de preservativo, uma vez que são muitos os sorotipos que não são cobertos por ela. Recomenda-se a vacinação de mulheres antes do início da prática sexual, entre os 16 e 26 anos. Por enquanto, o SUS não preconizou esta vacina como parte do Programa Nacional de Vacinação, mas essa possibilidade já vem sendo estudada. Em países como a Inglaterra e Bélgica, o esquema vacinal é fornecido pelo governo e pode ser feito gratuitamente. O alto custo da vacina (em torno de 400 reais a dose, sendo que são necessárias 3 doses) não permite, por enquanto, a vacinação em massa no Brasil.

CURIOSIDADE- tamanha a importância do problema, que o Prêmio Nobel de Medicina de 2008 pertence ao médico e pesquisador alemão Dr. Harald zur Hausen. Ele foi contra todos os dogmas ao provar que um vírus (HPV) poderia causar câncer.

Não há uma proteção 100% contra o HPV. O uso de preservativo pode diminuir muito o risco de infecção. Converse com o seu parceiro a respeito da importância de prevenir-se contra a doença. Os casos de câncer de pênis no Brasil vêm aumentando, o que mostra que os homens também têm que conscientizar-se do problema. Procure seu médico ginecologista, faça sua rotina anualmente. Exerça esse direito. Mostre que você ama seu corpo.